A voz do silêncio
Cheguei do trabalho, deitei-me em meu leito.
Pus-me a pensar, pensar na vida.
Tudo estava quieto, calmo, perfeito,
quando o silêncio bateu em minha porta.
Levantei-me e fui atendê-lo,
sem cerimônia, despido.
Ao abrir a porta, fui surpreendido
Com o alarido do silêncio.
Este entrou como um furacão,
Berrando verdades em meus ouvidos.
Tentei tampá-los, mas o som vinha de dentro,
Inexorável e com sabor amargo de coisa que me parecia familiar.
Desejei volver para o silêncio
Da minha vida agitada, só para não ouvir que ele tinha a dizer.
Findo aquele jorro de palavras angustiantes,
partiu o silêncio, e na soleira da porta,
virou-se e sussurrou que voltaria,
e que se eu a perdesse,
minha consciência de novo ele traria.
Rafael Sad