Mãos
Toco os dedos nas nuvens brancas
Algodão que amortece minha digital
Rascunhos feitos no céu, em ritual
Sufoco os medos, enredos orbitais.
Revolvo a terra como terremotos
As unhas sujas pelo barro da vida
Pétala de cera, em si desfalecida
No jarro a saudade dedilha, tilinta.
Seguro o tempo em rédeas curtas
O couro rasga o tato dos minutos
Minhas mãos pagam, nos tributos
Moedas da minha guerra infinita.
Sangram então meus tentáculos
Manuseio o vermelho do horizonte
Na tarde cansada o sol se esconde
Manetas marcas da insuficiência.
Uso o lençol da noite, eriço corpos
Umedeço peles e provoco curvas
Tripudio bocas ao sabor das uvas
Durmo leve com os ferrões inertes.