Mãos

Toco os dedos nas nuvens brancas

Algodão que amortece minha digital

Rascunhos feitos no céu, em ritual

Sufoco os medos, enredos orbitais.

Revolvo a terra como terremotos

As unhas sujas pelo barro da vida

Pétala de cera, em si desfalecida

No jarro a saudade dedilha, tilinta.

Seguro o tempo em rédeas curtas

O couro rasga o tato dos minutos

Minhas mãos pagam, nos tributos

Moedas da minha guerra infinita.

Sangram então meus tentáculos

Manuseio o vermelho do horizonte

Na tarde cansada o sol se esconde

Manetas marcas da insuficiência.

Uso o lençol da noite, eriço corpos

Umedeço peles e provoco curvas

Tripudio bocas ao sabor das uvas

Durmo leve com os ferrões inertes.

Dado Corrêa
Enviado por Dado Corrêa em 07/11/2013
Reeditado em 27/12/2013
Código do texto: T4561205
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