BUGRINHO NA VITRINE

Olhar perdido, o bugrinho admirado

Um bom tempo ficou parado

Na vitrine da loja de brinquedos

Sonhando apenas, pois desde cedo

Sabia que não era para si

Pois tinha apenas para divertir

As lidas de juntar galhos e cipós

Para desfiar fibras com as mãos sós

Era dia a dia seu trabalho

Para a mãe velha fazer balaios

Compra um cesto meu patrão

Pois preciso juntar pro pão

Venho a tempo com a barriga doída

Nesta triste e dura sina da vida

De não ter bóia, poso ou parador

Enquanto vou rezando a Nosso Senhor

Pra me trazer, quem sabe um futuro melhor

Enquanto cada dia, cada dia fica bem pior

Um carrinho, uma carreta, um avião

Como queria poder ver em suas mãos

Para poder dar asas ao imaginário

Como lhe aliviaria o calvário

E adoçaria a rude infância

Antes que cresça e vá afogar ancias

No fundo de alguma taça

Amanunciado com a cachaça

Como tantos de sua gente

Que ao olhar indiferente

Do povo, segue extraviada

Carregando a sorte herdada

De ser o dono de tudo, mas não ser dono de nada

Dante Trindade
Enviado por Dante Trindade em 07/11/2013
Reeditado em 07/01/2014
Código do texto: T4560823
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.