Poema para seguir viagem.

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Longe da crosta que oprime,

segue cheias e vazios.

Perto da onda que ressaca a alma,

longe do engodo do dever cumprido,

leve de tudo que muito aprisiona.

Dentro, de dentro fel vai a marcha,

feito um pássaro perplexo, ausente,

descoberto desperto, atento de sentidos expressos.

Asas recuperadas abertas e avantajadas.

A vista imensa e a colina desaparecem. Um infinito...

Dois olhos pedem passagem:

passaragem, que se achegue essa passaragem de gente!

Será que algum anjo milagreiro e clandestino

encontrou suas perguntas e esqueceu suas promessas?!

Sem mapas, corre oceanos, desbrava nossa brava gente!

Ergue-se lentamente da Luz: a mulher sapiens!

Mas não há necessidade de luz!

Se molha nas águas mornas de sua origem uterina.

Mornas águas, manto de incertezas frias,

ondas gigantes para quebrar a fantasia do tempo ao tempo.

Ser de outro o espelho em dúvida,

ser de outra maneira o gérmen,

margeando, germinando

na visão da criatura acabada de nascer. Que berra!

Da queda o seu contrário é o urgente,

de esquecidos fósseis de um Deus abissal, é o perdido.

Achado divino, desumanizado,

ressuscitado de tudo.

Sem inscrições!

Sem pele.

De repente uma alegria funda,

uma paz de espuma,

um arremedo de coragem

e tanta dádiva na existência do afogado.

O abraço de sentir a vida e a morte juntos

livre - louco - breve - eterno - pleno -

absurdamente pleno -

conquistando mistérios ainda não habitáveis...

Patricia Porto

Patricia_Porto
Enviado por Patricia_Porto em 07/11/2013
Código do texto: T4560787
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