Poema sem sal

Saí sôfrego atrás da palavra mágica,

Que legaria têmpera ao meu verso;

Mas, fiquei perdido na sina trágica,

De não residir ela, em meu universo...

Do zênite ao ocaso forcei meu músculo,

Busquei trôpego às musas com súplicas;

Me receberam, bem ao cair do crepúsculo,

se disseram inocentes dessa falta estúpida...

Volume nas drágeas até tinha, e fécula,

Sem princípio ativo, uma arapuca cínica;

Mero placebo sem a bendita molécula,

Cego clamei por tato, a sina deu mímica...

Pérfidos quebraram agindo qual vândalos,

A inspiração que vinha lépida e real,

Restou um monte de nada, escândalo,

Fingindo temperar meu poema sem sal...