Ambiguidade
Ó desventura!...
Pois dentro de mim
Uma voz grita, outra modifica
Um pensar acredita, outro desqualifica
Um dizer suave, outro que agita
Uma fé bendita, uma expressão aflita!
Um semblante estranho, depois risonho
A palavra que imita, outra que desacredita
Alma de profeta, mas atitude de poeta
Olhos brilhantes, lágrimas abundantes
Boca que exala o fel outra que gosta do mel
Uma razão que obedeço, outra que desconheço
Um carinho expressado, outro guardado
Um futuro prometido, passado sem sentido
Garganta que admite um estômago e suas “ites”
Uma mente aberta, outra que aperta
Um coração apaixonado, outro encarcerado
Uma alma que transcende outras vezes se prende
Um amor paciente, outro amor doente
Um coração de criança, outro sem esperança
Um mal que aflige um Senhor que corrige.