COLIBRI

Sonho, em sonho visito lugares medonhos

Sigo em gritos tristes e assim acompanho

Os passos da mente em eternos ardis

Coração dispara estados febris

Desperto disposto pra recomeçar

O roteiro Kafka que teimo encenar

Agora, já não mais consigo segurar a mora

De falar de coisas que em boa hora

Pululam do peito forçando passagem

Como o filme estático com a tua imagem

Que se contrapõe inda que eu não queira

Quando o tal amor reacende em fogueira

Acordo, vida que renasce de novo transbordo

Algo me provoca vou do cerne ao bordo

Qual fatal destino sigo ao cadafalso

Em meu vôo cego vou a teu encalço

Como se, em cascata fosse o sentimento

Desencadeando cada pensamento

Pulso, colibri ousado alço-me em impulso

Em mergulho franco me lanço convulso

O meu desespero alcança a flor distante

Pólen me energiza me leva adiante

Esquecendo inda que de passageiro

O vôo de hoje que ainda é primeiro

Em certo momento será derradeiro

Stelo Queiroga
Enviado por Stelo Queiroga em 29/10/2013
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