COLIBRI
Sonho, em sonho visito lugares medonhos
Sigo em gritos tristes e assim acompanho
Os passos da mente em eternos ardis
Coração dispara estados febris
Desperto disposto pra recomeçar
O roteiro Kafka que teimo encenar
Agora, já não mais consigo segurar a mora
De falar de coisas que em boa hora
Pululam do peito forçando passagem
Como o filme estático com a tua imagem
Que se contrapõe inda que eu não queira
Quando o tal amor reacende em fogueira
Acordo, vida que renasce de novo transbordo
Algo me provoca vou do cerne ao bordo
Qual fatal destino sigo ao cadafalso
Em meu vôo cego vou a teu encalço
Como se, em cascata fosse o sentimento
Desencadeando cada pensamento
Pulso, colibri ousado alço-me em impulso
Em mergulho franco me lanço convulso
O meu desespero alcança a flor distante
Pólen me energiza me leva adiante
Esquecendo inda que de passageiro
O vôo de hoje que ainda é primeiro
Em certo momento será derradeiro