Dualidades
Quisera ser como o vento
Que chega e parte quando convém
Trazendo pouco, levando pouco
Tão calmo e belo é teu desdém
Mas somos chuva
Que demora a passar
E deixa rastros nos traços
O cheiro que demora a dispersar
Na pressa de conhecer
Encerramos o assunto
Inflamados por acontecer
Cruzamos caminhos à toa
Na ânsia de conceber rima
Fica na poeira a beleza do verso
E antes que se conte o conto
O que poderia ser é prólogo
Na pressa do toque
Restou a sina...
E é no pó do tempo
que ainda sinto
o abraço que não existiu,
a rima perdida na aurora
do sorriso que se abriu