Sessão de cinema

Venho de terras longínquas

Meu nome ecoando nas línguas

Mais diversas e pretensiosas

O público em êxtase se aquece

E meu coração desfalece

Em mágoa e desilusão

Alinha-se o projetor

Retrocede-se o disco

Oh! Está tão cheio de riscos

Marcas permanentes do tempo...

Há uma poltrona que me espera

Acolchoada. Tão bela!

Que me algema em si; é cela

Que me prende à tela

No final de minha última quimera

Na fileira de número sete

Sou espectador de meus feitos

De minha vivências; meus desejos

Testemunha de meus próprios defeitos

Cúmplice de minhas ignaras ousadias

Preso à minha Criação

De fato, uma obra-prima

Sem versos nem rimas

Só imagens em vão

Uma história de relatos

Rastro do meu legado

Imediatismo sem solução

A trilha surge do vão

Sol, ré, dó maior

Minha dor maior

Estimulando ouvidos,

Efervescendo sentidos

E seguindo assim num tom só

Um garoto ao meu lado chora com um amigo

E, de repente, a sala se eclode em agito

Durante a cena mais comprida

A minha grande despedida

E, desviando sua atenção,

A mãe consola o menino

— Calma, filho, isto é apenas ficção.

Estava a mãe certa

És jovem, menino,

Inda não encontraste a inocência perdida

Essa flor tão facilmente ferida

Aconchega-te na cadeira, apenas

Porque ainda há mais cenas

Na grande película da vida

http://PeliculaPoetica.blogspot.com

Gabriel Coêlho
Enviado por Gabriel Coêlho em 28/10/2013
Reeditado em 28/10/2013
Código do texto: T4544926
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