Dívida
tributo meus melhores versos à dor,
Não raro, efeito colateral do amor,
Sonegada a devida correspondência,
Resta à alma comprimida, efervescência...
Lágrimas dão a água onde a coisa ferve,
E a inspiração associa-se com sua verve;
Cruzo pelo rio da Solidão em sua balsa,
Devedor como derme falha, à meia calça...
Maquiando máculas meu verso segue,
Esculpindo letras o melhor que consegue;
Poesia acaba sendo o cais de minha nau,
Na solitude visível qual corda de berimbau...
Não sei se vindo o amor o verso fraqueja,
Que a vida teste isso, dê, numa bandeja;
Nem que a arte de Homero fique menos,
Estarei no lucro, nos encantos de Vênus...