Forja da vida

Lembra dona vida as promessas grandiosas,

Que fizeste quando comecei andar contigo?

Ancoraste meus sonhos num mar de rosas,

Certo, a âncora partia sempre do meu umbigo...

Mas você deixou que eu acreditasse em utopias,

Sonegou advertir-me, em tempo, dos espinhos;

Que a noite da dura realidade sucede tais dias,

Você esperou que eu descobrisse tudo sozinho...

Ainda macerou meus sonhos com mão pesada,

Os acordados; esqueci os de quando dormia;

Deixou só retalhos para não dizer que nada,

Mas, ensinou fazer com eles, a colcha da poesia...

Permitiu que eu voasse além do sétimo céu,

Com penas que bem mereciam a devida poda;

Agora que a alma sabe por si mesma vagar ao léu,

Rasteja resignada, a sina de réptil não incomoda...

Tá certo, fantasiei que nasci para ser como anjo,

Seu pecado foi ter tardado em me dar os limites;

forjastes um homem, dentro do qual me arranjo,

quer saber, dona vida, nada deves, estamos quites...