POEMIZAR
POEMIZAR (29-jul-05)
Começar de novo renitente
A busca permanente em registrar
Aquilo que o peito extravasar
É missão natural de ser vivente
Inscrever neste código criado
A emoção que percorre em devaneio
É o mesmo que em rio transbordado
Com a concha das mãos roubar um asseio
Fingimento maior para Pessoa
Arrumar este caos do coração
Transpondo ao branco em ode ou loa
O universo multicor da emoção
Prazer infinito é relembrar
O mágico instante aqui cifrado
Como se possível fosse de novo degustar
O sabor do primeiro beijo dado
Talvez falso, decerto prazeroso
Encarnado, ainda que exagero
O poema grava, agora por teimoso
O soluço incontido do tinteiro
Ah, tanto amor sonhado, bem vivido
Quanta dor silente aqui gemida
Tanto pranto horror de longe ouvido
Quanta mágoa inaudita e reprimida
Caudaloso rio que segue contrito
Permitindo a mim igual direito
De lançar-lhe ao curso meu detrito
A vazão que transborda deste peito