Os bons selvagens

Basta o apagar das luzes, o afastar das cruzes

E os bichos se soltam

É lua cheia, é mar, é areia,

Devaneio, devassidão, descontrole, hipérbole, ampliação

As ondas a soar, a brisa a alisar e nós a nos soltar

De loucos cada um temos um pouco do qual não se dá conta

A diferença é como se solta esse pedaço de loucura

É a palavra presa, a máscara que não quer cair,

A alcateia procurando saída, a lua cheia que não quer vir

Não adianta negar, todos temos a pagar

Seja um pensamento maldito, o palavrão suprimido

Mentiras, mentiras...

A ilusão de um ser imaculado é mera demagogia,

Somos humano, Caetanos, Marias

Todos dependem de Deus, poucos admitem sua soberania

Esconder-se atrás de pensamentos é reprimir o que há por dentro

Comer a carne sem roer o osso,

Gostar da superfície sem ir ao tutano

Intensidade, saudade, ignorância

Verdades, verdades...

É encher-se do que não lhe apraz

É nunca falar algo mais

Quando seria o marcado, o dia errado, dos errados?

Mostrar ao mundo o porquê de não nascer

Dar motivos para morrer, encarar o monstro que é saber viver

É dar risada sem parecer clichê,

É perdoar o outro como perdoariam você

É arrancar do sorriso o motivo de não soltar

Os bichos que habitam o ser

Controle, saturação, fulgor, emoção

A melhor medida de viver é viver com medida

Respeitando os limites, arrepiando calafrios e transpirando sentimentos

E um dia esperar, pois existirá um lugar em que todos serão animais

Viveram como mortais, que respeitam aqueles que se rendem a pecar

Gabriel Amorim 26/09/2013 http://devaneiospalavras.blogspot.com.br/

Gabriel Melo Amorim
Enviado por Gabriel Melo Amorim em 21/10/2013
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