Dor de amor
Nem mesmo sei se o caso é de poesia
Talvez seja mera oposta expressão de alegria
Ao caso não cabe nada de épico, nem glória
É mais como um caminhar, estradar, trajetória
Para um bom ouvido, melodia rara,
Pra outro menos sensitivo, é som que não se repara
Pode soar como estória, dedicatória
Confissão a sós, a meia voz
Olhos em nada imersos
De um coração amante, em cores, em sons dispersos
Miragens, constelações, lívidas visões
Como contas de um rosário antes da missa no campanário
Alma ferida, pela vida
Será mesmo necessário a todos sorver o fel cruel?
Alma amante, presa à tristeza
O momento é de dor, amargor
Seria então o começo da cura, da grande desventura?
Não para, prossegue a viagem, noutra linguagem
Já nem se teme o precipício do início
Nem a surpresa desatino, de tão ignoto destino!