O QUE SOU DA VIDA

O QUE SOU DA VIDA

(Luciane A. Vieira – 07/10/2013 – 07:44h)

Sou parte deste chão

Que arde infecto...

Profano...

Profundo...

E, ao mesmo tempo,

Fecundo a vida...

Sou parte desta terra...

Natureza vã

Que engole a ferida,

Maltrapilha,

E se permite abrir

Tal qual flor...

Singelamente vazia...

Sou parte deste solo

Que se abre em chamas...

Que tanto amor se planta...

Que tanto coração se espanta...

E se ilude...

E se fere...

E se perde...

E se mata...

E se ganha...

Sou parte daquele tempo

Que sangrou e se calou

Que de gelo e de mágoa

Se fartou do amor...

Aquele amor que não

Viu nascer...

Nem crescer...

Sequer sentiu seu morrer...

E...

Da cicatriz que não sentiu

Arder...

No vento...

No tempo...

Na espera da luz

Que não viu e ali

Se perdeu...