Déjà vu

Eu vi um dia uma flor vermelha

Que brotava num chão arenoso

Ao lado repousava uma telha

E um animal perigosamente venenoso

Se aproximava sobre o ombro de um anjo

Ela tinha os lábios bem vermelhos

E andava descalça sobre ferros enferrujados

Sua pele azul já estava mofada

Por estar entre eternos silenciosos

O anjo se aproximava com a serpente

Que me daria o doce beijo da verdade

E derramaria no chão meu sangue quente

Devorando meus pecados com voracidade

E apagando as memórias do monstro aparente

Que um dia fui.

Ela ergueu os braços para abraçar

A mim que admirado observava

O pesadelo me possuir e, destroçar

A última gota de razão que me restava

E disse o anjo:

“antes de tomar de ti a vida

Saibas que morre por pecar contra

A inocência de tua própria filha”

A criatura azul que me abraçava

Recebe de mim além de desespero

O golpe de uma telha em sua face

E o suicídio do pai que a tomou

Senti minha pele dar lugar aos dentes

Que penetravam na minha garganta

Provei o chão em minha face quente

Somente pude sentir o cheiro de uma planta

Enquanto a cobra e o anjo sumiam lentamente

Eu vi um dia uma flor vermelha

Que brotava num chão arenoso

Ao seu lado repousava uma telha

Quando sumia um animal venenoso

E um anjo assassino que fugia covardemente.

Luck Lima
Enviado por Luck Lima em 03/10/2013
Código do texto: T4509000
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