@@@ Apenas renego ***
Hospedo o amor, doce criatura.
Será mesmo o amor inocência pura?
Habitam nele brandas, meigas ternuras...
Versos castos em voláteis sentidos
Afrontam a pura inocência da doce figura,
Embutidos em cascas de duplos sentidos.
Clamam os sentidos do amor em ardência dormidos,
Enganos que a mente disfarça em falsetes,
Fiapos de versos d'alma esparsos !
Ah! Inocência pura o amor ?
Não! Jamais o será !...
Não é fútil, nem tão doce ou puro.
Por mais puro que fosse
Não é tão inocente,
Nem é tão doce.
Vil é em tesouros piratas.
Guardam nas latas (palavras) o ouro.
Ferrugens há corroendo o tesouro.
Ah! O amor doce criatura !
Inocente, rara e pura !
De vil ou puro canto,
Quem de sob o manto
Descobrir-se-lhes-á o ardil ?
...Se doce ou perjuro, esconde sobre o doce canto ?
Hospedo não nego, inocência pura...
Doce ardil ! Não me entrego ao vil ! . . .
Apenas renego, amor que não dura !