panela de pressão

cantarolar frenético

um toque de alegria

panela de pressão no fogo

feijão cozinhando

murmura aroma adocicado

nas narinas desavisadas

estômagos em frenesi

arrotam a fome

panela de pressão

enquanto, passam pelas calçadas

sentem a vida assombrear

uma falta dolorida

cachimbo na mão

lividez cadavérica

barriga vazia

cabeça cheia

panela de pressão

porcarias vindas

das mãos humanas

desumanizadas

panela de pressão

cidades emporcalhadas

poucas virtudes

alma enxovalhada

panela de pressão

desassossego

Agradeço a interação Da escritora deste Recanto Ivone M. r. Garcia demarcando a importância do Poeta_ profeta, aquele que demarca a problematização do seu cotidiano:

Fumegantes chamas/ Chilreia a panela de pressão/ Lancinantes choros em volta/Retraídas estão as mucosas/Odor nauseabundo/Emanado dos corpos errantes sem alma/ Feijão, arroz, uma carninha refeições frugais/ Não mais!/ Cremes insossos,esverdeados,repugnantes/ Artificiais veias conectadas/ Aos corpos dos infelizes/ Tragados para sempre em sua autofagia digestiva/ Porque a contínua fome despoticamente assim sentenciou/ /Cerrem suas bocas/ Costurem seus estômagos/Quem mandou nascerem miseráveis?