MINHA CASA É O CHÃO DA RUA

Minha casa é o chão da rua,

Minha luz a luz da lua.

A sorte minha não é igual a tua.

Sou infeliz escravo da realidade crua.

Durmo arrepiado no banco da praça

E quando me olham, Virgem! Que carcaça.

Mau elemento, cheirando a fumaça.

Ébrio contumaz, só fede a cachaça.

Companhias não tenho, vivo a vaguear só.

Meu padecer é latente, de uma tristeza que faz dó.

Ninguém me olha ou me ouve, acham que cheiro a pó.

Vivo numa luta infinda para desatar este nó.

Se por uma esmola imploro espalmando a minha mão

Ouço angustiante resposta uma voz a me dizer não!

E logo vão alargando os passos, apressados como são.

Meu mundo é mundo da praça, de descaso, mundo cão.

José Luciano
Enviado por José Luciano em 21/09/2013
Código do texto: T4492171
Classificação de conteúdo: seguro