Canção da Meia Idade

Rio Pará, 08 de setembro de 2013.

A chuva fez-se riacho

A folha fez-se barquinho

A infância fez-se eterna

Ah, se repetisse um pouquinho

Juventude tão feroz e rápida

E eu achando que conhecia o mundo

Cada amor pra sempre eu amei

Tesouros de mares bem fundos

E estou no meio do caminho

Meio sem jeito das besteiras que fiz

Rindo só da aventura sem lógica

Um ingênuo que era bem mais feliz

Lua Crescente e Estrela D´Alva

Eu reparava quando alinhavam

Estou no meio de caminho

Preciso rever como elas ficavam

Se eu tivesse uns oitenta

Seria patrimônio da história

Se chegasse aos setenta

A lenda, o respeito e a glória

Se por acaso aos sessenta

A sabedoria me fosse apelido

Eu diria talvez antes disso

Aos cinquenta já havia entendido

Só que estou no meio do caminho

Aprendiz do sentido da existência

Avalio o motivo e os efeitos

A fartura do pão e sua carência

A semente e o diamante

Qual terá maior valor?

Estou no meio do caminho

Da Verdade indagador

Nem tão incauto que não entenda o que o anúncio quer dizer

Nem tão prudente que pudesse evitar o deslize de ter

Meus pais me digam por que os homens se violentam entre si?

Hoje desconfio que seja amor o que interessa pra mim e pra ti.

A música que me embalou

Seria melhor que a dos novos?

Prefiro pensar que uma só nota

Consegue dançar todos os povos

Tão sublimes os avós e os netos

Admirando um campo florido

Quem diz que não estão juntos

Iguais em um momento infinito?

E agora? Meio de caminho

Estrada ou rio mais seguro de ir

Jovial somado à sensatez

Refletir antes de partir

Parábola dos Talentos!

Sei de mim e não mais temo

O meio do caminho

De ir conhecer o que é Supremo...