Decadência egocentrista

Acredite, leitor, há um grande significado dentro deste poema. Se não entendê-lo, dê um toque que terei em prazer de explicá-lo, e assim terei certeza que o verá com outros olhos

Derradeiro convite a sorrir d'alma difundida

Entre sentimentos maltrapilhos e corcéis,

alma que chora, treme, grita ainda que muda.

Ah sim; pois verdade foi ferimento

de saber que tudo muda e que

O que foras um dia, hoje apodrece

no afugentado resquício da história

que um dia me fora realidade.

A mesma lucidez já não me agride

Apenas resplandece... Como o mesmo

Punho que agride e clama que'u acorde,

As fantasias sobre verdades me humilham:

Lamentei a vida no conforto dum oásis,

Gritei por justiça quando fui assassino absolvido

Julguei-me sofredor sob manta e teto.

Sofro as dores da vida perfeita.

Tamanha a hipocrisia...

Afinal, quem sou eu para dizer que

Sou ninguém, que não tenho nada,

Que não sou nada?

Sou ninguém para dizer ser sofredor,

Tamanha a mediocridade eu ter tentado...

Mas sou algo,

Sou todo o sonho inocente

Sou os lamentos afogados nos bares,

O motivo de persistência de gente açoitada.

Carrego a vida que à tantos é ilusão, invenção.

Sou a criança mimada frente à uma janela,

um quadro pintado de anarquia, de dor...

O que sou... o que tantos nunca serão

O que pude fazer e que muitos nunca farão

O que tenho por presente...

E que nem pelo escarro terão.

A que devo lamentações em vão...

Merda, do que sou feito?

Danem-se minhas dores,

(ou esta ilusão)

Sou os desejos dos que não tem nada

Sou o sonho dos que julguei ser.

Sou o que sou por sorte, nada mais.

E por isso sofro; também por isso,

Mais uma vez, me encontro.

Serei para sempre a utopia d'outros,

E isso há de me confortar...

Mais que a dúvida que a mim destrói:

Estou proibido de chorar?

Daniel Reis
Enviado por Daniel Reis em 13/09/2013
Reeditado em 05/03/2014
Código do texto: T4479891
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