Pseudo

Pseudo

Óh ave negra que corre os campos

como podes tu, assim sem mãos

carregar as flechas da ilusão

e tentares em vão ferir-nos?

Não vês que sou águia mais ligeira?

que enquanto pensas, eu já vi?

e vendo-te por dentro, eu escapo!

e escapando de ti, vou sorrindo?

Óh ave negra tão hipócrita

que espalhas pérolas de açúcar

sobre um solo tórrido, sertão!

tão ingênua és, pobre torrão!

Derreterás tu e tuas malicias

na amplitude magnifica da solidão!

Quando abrires os remelentos olhos

e vires que só um breu no espelho, resta

Minhas árvores e arvoredos

que ha muito te servem de galho

estão retorcidas, qual espantalho

acenando-te um Adeus, aliviadas.

Vai-te com tuas maledicências

leva o amargor de tua alma

perca por favor, a rota costumeira

e de meu ninho, esqueças por favor

Daqui uns anos, quando a idade

te trouxer mais luz, acenda-a para ti

pois o labirinto espúrio donde pertences

é toda a majestade que gerastes.

Márcia Poesia de Sá - 2013