INDELÉVEL
O pedalinho solitário navega sobre
as tormentas do lago coberto de folhas.
A águia de olhar atroz prepara ninho no penhasco
e na água límpida passeia leve o albatroz.
Formigas operárias sobrecarregadas
deslizam sobre a relva do inconformismo.
Sons se misturam nas páginas cruas
e constroem músicas vívidas no céu.
O misterioso perfeccionismo imperfeito
detém a fúria do criativismo libertário.
Eu deixo cada dia partir e regressar
sobre meu horizonte de conflitações.
Tudo o que me põe em expectação
são as brisas do outono e folhas caídas
sobre o chão do teu abrigo.
Já é tarde, demasiado, para aqueles
que desejaram as uvas do paraíso...