RIO SEM FUNDO
Existem muitas fantasias
E muitas realidades nos dias,
Mas isso não tem nada a ver
Com o que eu quero dizer!?
Entre verdes florestas e secos desertos,
O rio da vida sempre deságua no horizonte;
Mergulhado na neblina que a visão turva,
Eu sigo o meu caminho sem ter noção
Do mal que me aguarda na próxima curva,
Sem saber se já estou muito perto,
Ou se ainda estou muito longe
Da derradeira revelação,
Guardada na ansiogênica sepultura!
O ser é uma flor pendida
Sobre um rio sem fundo;
Ora se inclina para a luz da vida,
Ora se volta para a cruz da morte,
Ao sabor agridoce do mundo!
Num abismo infinito lançado,
De si mesmo, é o criador e a criatura;
À liberdade vem ao mundo condenado,
E entregue à sua própria sorte!