PAROXISMO

Eu me lanço em vias existenciais
Eu me arremesso em coitos carnais e viscerais
Eu me atiro em fendas, sendas e tendas
Eu me jogo num entediante leva e traz
Eu me embrenho no vivo motivo que tanto preciso
Eu me enveredo afoito no mar revolto da emoção
Eu me desconfiguro diante da razão para ter paixão
Eu me deleito na intermitência do ir e vir
Eu me afogo no ódio para desafogar o amor
Eu me esquartejo inteiro na esperança de me aglutinar
Eu me transcrevo num sobressalto inglório
Que depois nem mesmo eu consigo decifrar
Eu me execro sem perceber querendo me ascender
Eu me reescrevo dia após dia num fúnebre cortejo de mim.



Zarondy, Zaymond. Verbos, verbetes, verborragias. São Paulo: Grupo Editorial Beco dos Poetas & Escritores Ltda., 2017.
 
Zaymond Zarondy
Enviado por Zaymond Zarondy em 07/09/2013
Reeditado em 14/04/2017
Código do texto: T4470894
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