TEMPESTADE
A noite há tempos desceu... É madrugada...
E eu aqui insone, preocupada...
Há lampejos e estouros nesta noite escura,
Enquanto espero a luz chegar com a alvorada...
Ouço sinos de longe, no repicar
Das lembranças de minha meninice...
O vento ruge nas ruas sobre os telhados das casas...
A natureza, ensandecida, geme e chora
Na voragem dos tempos em que vivemos...
Minha alma, inquieta, vagueia em lembranças
Das doces magias dos campos floridos,
Da primavera de que a mocidade é plena...
Enquanto o sono, esse fortuito companheiro,
Esquiva-se, agitado, quanto mais o quero...
Na penumbra da noite anseio a madrugada
Que anuncia o dia com a luz abençoada,
Fazendo-me sorrir e versejar à espera,
E rabiscar as páginas com meus antigos sonhos...
E o vento corre desfolhando as árvores,
Que tombam arrancadas nessa chuvarada...
Ele – lá fora - furor e agressividade
Gemendo na noite com a tempestade...
Eu – aqui dentro - insone e contrita,
Compondo em orações meus versos da vida!
Na desarmonia dos homens a vida esvanece,
Esquecidos da paz, a gerar tirania!
E é nesse crepitar de ousadia que o mundo padece!...
STELLA