Silencio... só por hoje.

Faz tanto tempo que eu nada escrevo.

Pois percebo que agora eu nada consigo passar.

Nem mesmo uma curta estrofe,

Em meu quieto caderno consigo anotar.

Meu coração por hora está vazio, sem inspiração.

Mente travada, versos congelados.

Sequer desejo ouvir ou dizer da canção.

Vou esperar na outra margem ventos inspirados.

Contemplo o nada pra tentar compor,

Mas vem o tudo e encerra o meu pensar.

Quanta ironia contradiz o autor

Nem mais versar pra dizer do Amor.

Tormentas vêm em luz intermitente

Borbulhas mil sustentam um paradigma.

Meu peito guarda arquivo inconsciente,

Mas não retrata ainda esse enigma.

Vejo-me envolta em um rodamoinho,

Porque não sei pisar por esse chão.

A nova faze encurtou meu caminho,

Não sei andar, procuro um corrimão.

Bem sei são crises existenciais.

Logo virão luar com paz e maravilhas.

Apenas experimento momentos transcendentais,

Penso que mergulhei fundo em minha armadilha.

Ainda é cedo e posso aos versos retornar.

Quem sabe ainda pela madrugada eu fale.

E possa eu em folha em branco versejar,

Ou do contrário eu pense e para sempre eu me cale.

Goretti Albuquerque