O DUPLO

Ruas escuras

gélidas, passos calmos

na fria noite

do encontro consigo.

Vou ao bar

das conversas

e do descanço

dos dias "reais"...

Peço um copo

pra obter um sexto sentido.

Me perder

nas vozes que nada me dizem.

Alguém

pede pra sentar ao meu lado

É incoerente, não conhecço!

Sou incoerente, prefiro estar só?

Loucura. - Olá como vai sente-se.

O copo cristaliza

o rosto dela

na tímida observação

que faço da estranheza.

- Sou do bairro aqui

do Fim da rua.

- Que Bom, eu estou longe

da onde sou, mas vim aqui

me despedir do mesmo.

Ela olhou em volta.

Seus olhos castanhos

ficaram estranhos

frutos que se abrem

antes da primavera.

-Me despeço

apertando a mão delicada

alva e perfumada...

não queria deixar

ela morrer no meu destino.

Olhei pra traz

e não havia outro copo

a não ser o meu ainda

em cima da mesa.

-Garçom? a moça que estva ali

já saiu?

-Não havia mais ninguém

com o senhor.

Pelas ruas gélidas

umidas da noite

me encontrei

comigo e não me diverti.