CADEIRAS VAZIAS

Pensei que sonhava o pesadelo urbano.

Meus passos insertos na calçada ferida

queriam fugir da cidade maldita.

Fronteira da dor em espaço infinito,

a indiferença contorna a esquina errante.

Casas sem lares escondem a nudez

de cômodos disformes na rua de baixo.

No quarto alugado, paredes sombrias,

recebem a brisa de pureza adversa.

Corpos estremecem pelo amor do instante

na pressa da vida que corre na lama.

Sussurram os cães, em risos de hiena,

o crime na rua das cadeiras vazias.

Dormem crianças o sono etéreo

nos bancos das praças manchados de sangue.

Tudo contém o vazio dos que passam...

Fátima Souza
Enviado por Fátima Souza em 31/08/2013
Reeditado em 30/12/2013
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