CADEIRAS VAZIAS
Pensei que sonhava o pesadelo urbano.
Meus passos insertos na calçada ferida
queriam fugir da cidade maldita.
Fronteira da dor em espaço infinito,
a indiferença contorna a esquina errante.
Casas sem lares escondem a nudez
de cômodos disformes na rua de baixo.
No quarto alugado, paredes sombrias,
recebem a brisa de pureza adversa.
Corpos estremecem pelo amor do instante
na pressa da vida que corre na lama.
Sussurram os cães, em risos de hiena,
o crime na rua das cadeiras vazias.
Dormem crianças o sono etéreo
nos bancos das praças manchados de sangue.
Tudo contém o vazio dos que passam...