"Não Me Pertenço"
De
Helando Marques de Souza
{ O Homem não é dono de si mesmo. É quando se encontra como escravo. É prisioneiro da produção que se vê obrigado a realizar; -- a produzir -- e, por fim, é despojado de TUDO que fez, e antes lhe parecia pertencer. O que produz, geralmente não fica para ele e lhe é tomado, desfalcado/ retirado. Ele é o Homem Fábrica e toda a produção dele é canalizada para os ‘donos’ da Fábrica. – É o ‘Homo Faber. / HMS }
‘Não, não me pertenço/ e sou hera da terra/ raízes de fera/ do jeito que venço...
‘Sou resto da vida/ energia do nada/ que em tudo se alastra/
aberta ferida...
‘Da pele chicote/ e que abre a maldade/ que salta no bote/ rasgando a verdade...
‘Não, não me pertenço/ sou filho da cria/ nem João nem Maria
do jeito que venço!/
‘Sou escrita cabrita/ colada na pedra/brotada na hera/ raízes de fera!...
‘Sou feito bagaço/ suado e sugado/ por mim e por eles/ um bando de vezes!...
‘A lagrimaldita/ na cara varada/ no peito plantada/ e há muito secada...
‘Não, não me pertenço/ sou tudo que penso/ sou seca sou vento/ sou apenas momento... ’
Sou da caverna ou sou da fera; / sou da fenda ou sou da lava que mata; / sou do raio trovão ou da erupção/ ...do vulcão? -- Sou do medo ou da fome... Sou do apertamento ou sou do horror das ruas? Ah, sou do Deus!
(*) Enxerto do livro intitulado “Vamos Desabafar Juntos”, anteriormente publicado como coluna jornalística em vários jornais do País. – Editora Pirilampo – Petrópolis – RJ. (Obs. A última estrofe foi acrescentada)
Helando Marques de Souza
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