CRIME PASSIONAL

Não me permitiste nem sonhar,

não deixaste nem eu pensar no assunto,

me preocupar.

Não deixaste nem mesmo analisar,

tentar mudar sua opinião,

ter insônia, rolar no chão...

Não dividiste comigo nem a insatisfação.

Abdicaste da cumplicidade

errando em me inocentar

sem nem ao menos saber

se eu me sentiria culpado.

Me poupaste do que não queria ser poupado.

Agora o ato foi consumado

e o rancor que pode estar em você,

hoje em mim está finalizado,

está morto também.

Não te condeno nem te absolvo.

Não fui parte do júri, não fui juiz,

nem tão pouco expectador.

Não tenho direito a nada,

não posso sentir tua dor.

Só nunca espere que, por mim, um dia

você possa ser consolada.

Deus tenha piedade de nós

e ilumine a criança abortada.

Júlio Amorim
Enviado por Júlio Amorim em 25/08/2013
Código do texto: T4450670
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