RODA

… Agora eu me lembro!

Eu costumava a não existir.

Dormia em minha infinita inexistência

Até escutar um sussurro que perguntava-me qual era a vantagem

Deste estado insólito sem intenção, vontade e nem propósito.

Senti a picada travestida de pergunta e, subitamente, acordei.

Ainda sentindo-me atordoado, insatisfeito e vazio,

De imediato fui recrutado pela dimensão material: o paraíso, mas também o inferno.

Ela gritou para o infinito - silencioso e sempre presente -,

e tão logo ecoou seu mesmo brado confiante reciprocamente.

Segura de si, ordenou-me a vaga-la deixando-me apenas o mistério como receita:

- “Venha, meu novo inconsciente; Venha para onde afirmar é o que conduz a ficar em meu tormento. Desfrute-me!”

Ah, como era bom não haver sequer uma pergunta!

Ah, como era bom não haver sequer uma!

Ah, como era bom não haver sequer!

Ah, como era bom não haver!

Ah, como era bom não!

Ah, como era bom!

Ah, como era!

Ah, como!

Ah…

EA
Enviado por EA em 20/04/2013
Reeditado em 01/06/2014
Código do texto: T4251220
Classificação de conteúdo: seguro