Provações & Provocações


Fino verniz, invólucro supérfluo,
A lenda do profundo,
Da essência suprema.
O mundo volta-se ao centro.
Fogo no estômago.
Ego do universo.
Uma máquina digestora.
O todo deglutindo sua ínfima parte.
Maresias, maremotos,
Ventos e tufões,
Inquietações nervosas,
Mente subjugada ao coração.
Armadura humana,
Couraça biológica.
Flores celestes,
Constelações, e seus signos.
Ponto perdido no infinito.
Todo caos mergulhado na harmonia,
Pois tudo acaba em nada,
Ou simplesmente, a mente é incapaz,
Impotente com toda sua razão?
Nem as letras, nem os números,
Meras abstrações da linguagem humana.
E todo sentido não atingirá o oculto,
Pois que este vive de seu mistério,
E volta e vem, um engano,
Um erro, um eterno ajuste.
Pingo de água, chuva dos olhos,
De repente, uma estranha calma,
Toda a inquietação cessa,
Toda ansiedade morre em frustração.
E então, um insano riso.
Passos perdidos do caminho.
E qual é então a trilha?
É loucura a plena consciência!
Então como atingir a luz,
Sem ter um bom tanto de insanidade?
Por isto, o grito que calou-se por completo.
Num silêncio soturno,
Onde vozes ecoavam,
Brincando de dizer verdades mentirosas.
Por toda guerra, valerá um dia de paz?
É por que haveria de valer algo?
Senão apenas um momento de irritação,
Provocação ou provação,
Pois que vive nesta dor que perturba
O essencial da vida.
Uma felicidade sempre fugitiva,
No limite entre a perda da esperança,
E de uma fé tão vigorosa, que é irreal.

03/08/2012.


Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 11/11/2012
Código do texto: T3980976
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