Mergulho no Absoluto

Houve tempo que desejei ser lembrado.
Qual tolice? Pensar em memórias.
Não tem o esquecido maior liberdade?
Não é o nada mais perfeito que a tentativa de ser?
Graça existe em caos e ordem,
É uma poesia criativa, é o ser.
E ser implica em beleza, ou não.
Mas é afirmação, enquanto a negação,
Apenas nada...
O silêncio nada tem?
Ou tudo oculta?
Foi o negado que se fez afirmado,
Ou o afirmado que negou-se para ser entendido?
Apóstolos da Criação ou do Incriado?
No Incriado está a essência.
No Incriado está a gênese,
Se é Criador primevo, não foi criado,
Então não é loucura
Imaginar do nada surgiu o todo.
Qual loucura então é o limite humano?
Pois que crê no Criador,
E teme o Incriado.
Então sejamos lúdicos,
Entre nada e tudo,
Está o ser.
E qual ser?
Qual ser então?
O constituído a partir do nada.
Palavras, tantas palavras,
E realidade continua a desafiar,
Continua rebelde,
Página de um livro,
Sem começo,
E sem fim.
Desafio a sanidade,
Talvez mais próxima dos loucos,
Pois estes simplesmente a rejeitam.
E então, que não se perca a lucidez.
Sejamos relativos,
Isto é mais do que abstração,
É filosofar utilitário,
Um álibi para justificar-se,
Pois certeza não há,
Certeza não tem,
A não ser provisória.
Sejamos portanto provisórios,
Na nossa ânsia de querer,
Para não perdemos a capacidade
Ou o engano de ser.

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 29/04/2012
Código do texto: T3640114
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