Lisura

Tenho medo,
Medo de não ter medo,
Coragem de enfrentar,
Proclamar, gritar.
Tenho medo de cuspir no próximo,
E rastejar em busca do pão.
Tenho medo de ser eu,
Eu o escolhido, o dileto
A galgar a glória,
Quero ser obscuro, despercebido.
Não quero nada proibido,
Liberdade de ação, de palavra,
Quero meu gesto solto,
Meu ato, a luz do sol.
Quero cativar de canteiros,
Cultivar a flor na rocha,
Ser o único, o primeiro
A lançar no solo o pé da poesia.
Ah, como tenho medo,
Medo da noite, do escuro,
Do passo inseguro.
E medo de não ter coragem.