Tantas são as contradições. Verdades ou mentiras?
Apenas enganos? Ignorância? Saber relativo?
Todo irreal vive a disputar espaço com o impossível.
Pecados ou virtudes? No amor e ódio de cada um.
Por que haveria um porto seguro? Longe demais.
Tudo pode apenas ser só ilusões bem resolvidas,
Pois que loucura e normalidade não têm limite certo.
O perigo de viver, pois que a morte está sempre presente.
E por que o desejo de liberdade? Qual liberdade?
O que é ser livre? Livre de si ou livre do outro?
Ou um meio termo onde se congregam individualidades?
Quem somos nós? Concreto ou abstrato de ser.
Cindidos em limites, sempre por um triz, o risco iminente.
Nos grandes porres de ideias, na embriaguez das emoções.
Em noites sem fim, em suas madrugadas perturbadoras,
Ou nas insônias dos pesadelos diários do cotidiano.
Asas quebradas? Mas quem é que tinhas asas? Que asas?
Iludidas divagações, prenúncio do almejar do céu.
Não se trata de paraíso ou inferno, talvez lugar nenhum.
Pois que há falta de objetivo para criar mais que a obstinação.
O nada parece mais inquisitivo do que o todo, mas não vale a pena.
O vazio é apenas abismo de nós mesmos e esperança, fuga de si.
Leve vento, mas queriam-se raios e tempestades, força da natureza,
Para depois temer, sentir todos os sagrados limites do frágil corpo.
Passos que se sobrepõem a outros passos, num intento sem alvo.
No apagar dos desejos, descobrir que ainda existe, apenas em potencial.
Semente de vida pronta para eclodir, rindo das folhas levadas pelo vento.
Chorando pelas flores despetaladas e depois nada sentindo.
E no silêncio de si, calar-se para tudo que faz o mundo.
Num entreolhar de homem e mulher, no fluxo de paixão,
No amor que vai a brincar pelos espaços cardíacos,
Criando atração entre beleza e força, num beijo na boca da noite.