Certezas e Incertezas
 
Nascer e morrer são tão certos,
que às vezes viver me parece
ser apenas ato protelatório,
uma teimosia biológica
a desafiar variáveis diversas.
Desencanto dos dias,
descrença no tempo.
E se por detrás
do véu de Ísis nada houver?
Nada a preocupar-se,
afinal ,em não havendo,
não haveremos, enfim.
Mas em se havendo,
eis a questão.
Mistério que antes de tudo
nos lembra a limitação.
E ,por sermos limitados,
talvez o melhor fosse sermos
compulsoriamente humildes.
Mas qual nada,
é o orgulho que antes
nos dá força para desafiar,
pois que para enfrentar
tamanha limitação
há que se ter orgulho.
Um orgulho que antes
é instinto de sobrevivência,
do que irmão da vaidade
que adula em exagero
o que é efêmero.
A vitalidade não habita
o pensar dos exaustos.
São os exauridos
os que veem, em parte, o invisível,
que ouvem na quietude o silêncio
que quer algo dizer.
Entretanto, muito longe se vai,
pois tudo pode ser apenas ilusão.
E as ilusões parecem guardar
as parcelas de prazer e dor
e, mais do que isto,
quem sabe o mais tolo engano
ou a mais sublime das consolações...

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 04/10/2009
Código do texto: T1847826
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