Andando em Círculos

Queria a paz,
mas só tenho ansiedade.
Queria o milagre,
mas sou acidente,
perdido entre
o acaso da razão
e a fugacidade da fé.

Duvido de mim, 
duvido de minha lucidez.
Oculto dores e ressentimentos.

E não conseguindo esclarecer-me, 
ando por círculos
cada vez maiores.

Como são fáceis as dúvidas,
mas são difíceis as certezas.
Até onde quero chegar?

Já não sei se vou.
E divago num sarcasmo cansado,
num cinismo esvaziado.

Já não sinto a amargura,
ela de fato apenas
enche-me de maior enfado.

Tanto por fazer,
e o cansaço parece
querer fazer do ócio 
o maior dos sonhos.

O não fazer
que se preserva do pecado,
do existir
que não compromete a existência.

Nem o bem, nem o mal,
antes parecem ser os mornos
os mais aptos a viver.

Uma frouxidão de tudo,
de perspectivas vãs
que incendiaram pensamentos,
que queimaram sentimentos,
que converteram-se em cinzas.
Pó dos inúteis devaneios,
pó  que parece  estar
no princípio e no fim. 


Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 30/09/2009
Código do texto: T1840327
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