O paraíso sou eu
Sou a flor da primavera
Do orvalho sou a gota que cai
No outono sou as folhas ao vento
Partindo sempre sem olhar pra trás
Deixando ser conduzida pelo ar
Invisível e espaçoso, arruaceiro
E chegarei ao meu destino
Guiada pelo cheiro da estrada
Sou o nada
As pegadas deixadas por anônimos
Que em algum momento
Voltarão a fazer o mesmo trajeto
Sendo o principal objeto
Na construção da história desta estrada
Que embora sendo um nada,
Teve em seu chão, vidas
E se fez presente num instante
Da existência de todas elas
Sou a rota da felicidade
A lágrima da saudade
Molhando sutilmente os rostos
O inferno é que são os outros
O paraíso sou eu.