Covardia e Aceitação
 
Diante dos fatos,
do dia-a-dia que tanto perturba,
do pouco caso ao que é certo,
da covardia coletiva nascida
da falta de coragem dos indivíduos,
teme impregnar-se.
Teme encontrar na aceitação
o recurso mais utilitário,
menos comprometedor.
Teme estar sendo passivo,
teme estar deixando-se
levar pela preguiça.
Derrotado na sua busca de suficiência,
vê-se exaurido de forças.
Não consegue mais gerir-se individualmente
para enfrentar o mal que lhe incomoda.
É preciso buscar ajuda,
mas a verdade
é que teme em não encontrá-la,
talvez até tema acabar achando.
Acostumou-se à sua tentativa solitária,
ocupou o seu tempo,
uma insatisfação tão presente,
que acabou meio que amiga.
No mais, sempre será
frustrante depender de outrem.
Não quer decepcionar-se
e adota como estratégia:
não ter expectativa alguma.
Cria um método
onde tenta retirar força
do reconhecimento da sua fraqueza.
Na sua insuficiência
quer encontrar uma solução
que possibilite resistir.
A índole aguerrida
o faz recusar-se a cair
pacífico no campo de batalha.
Tivesse uma réstia de força
haveria de levantar-se
para enfrentar o desafio.
Busca dentro de si algum recurso,
só encontra a vingança adormecida.
Não quer acordá-la,
ela é falsa libertadora
que acaba por fazê-lo escravo.
Acima de tudo,
quer a todo custo ser livre,
mas em verdade não sabe como.
De modo que como recurso derradeiro
resolve enfrentar os próprios limites.
Esquece se está capacitado ou não,
atira-se impetuoso ao combate.
Desejando a paz,
ainda uma vez a guerra, a luta
que parece nunca ter fim.
Fazendo-o avaliar
que a dor da alma
em muito suplanta
as dores do corpo.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 23/06/2009
Reeditado em 05/08/2017
Código do texto: T1663160
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