Divagações sobre a Finitude

Quanto tempo
de vida ainda terei ?

Pela primeira vez
faço-me tal pergunta.

Sempre tratei de
forma lógica o fim,

Mas eis agora
 esta visita inesperada e indesejada.

Por que a sensação de finitude
veio-me tão intensa?

Já não bastasse o meu conflito
com a eternidade.

Sempre imaginei que a
efemeridade era algo resolvido.

Mas com franqueza hoje
senti pela perda da vida.

E isso deveria ser fato
extremamente comum,

Mas ao sentir-me assim,
acusei-me de tolo.

Tive um insuportável
encontro com o medo.

E ri de mim,
e zombei de meus temores.

Desprezei-me raivosamente
por minha humanidade.

E nisso não vi poesia alguma,
Mas uma tendência
a um árido realismo.

Por mais que tente
dotar-me de serenidade,

Existe uma inquietação cínica
que atormenta-me.

De alguma forma sinto-me
próximo de um desvendar,

Quem sabe a revelação
de oculto enigma.

E que ninguém venha
zombar de mim,

Pois que basta
o peso da autocrítica.

É um amontoado de estranhezas,
É um jogo de muitos enigmas.
São tantos símbolos que surgem,
É tamanha ebulição de pensamentos,
É intensa volatilidade de sentimentos.
E em meio a isso o ser confuso.
Não sabendo se agradece
por dádiva especial,

Ou se amaldiçoa sua
tamanha exaustão.


25/07/2002
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 20/06/2009
Reeditado em 01/03/2015
Código do texto: T1658743
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.