Meu Mundo e Nada Mais? 

Hoje constato que existe dentro de mim
um mundo que penso ser apenas meu.
Imagino um lugar hermeticamente fechado
onde a única companhia é a consciência.
Ali concluo que, de fato, estou vivo,
mas em contraposição às trilhas do cotidiano.
Após minha ingenuidade, sonhar.
Minha boa fé idealizar,
a realidade muito me frustrou.
Ainda não consegui avaliar
 até onde vai a hipocrisia,
até onde se estende a ignorância.
Sei que ambas me irritam,
sei que me fazem questionar
minha inviabilidade para a vida.
Fazem-me viver intensa contradição
que leva a perguntar-me:
“por que estou vivo?”.
Por alguma razão sinto-me
reduzido nesta condição
de vivente em meio à mediocridade.
Não vai neste constatar arrogância,
mas utilitária impressão
de que tem dificuldade de ajustar-se.
Preocupa-me profundamente
que a mesquinhez da efemeridade
comprometa a eternidade.
É inquietante o aprisionamento
das necessidades da alma
às prioridades materiais do corpo.
É torturante o destino da eternidade
ter que ser decidido
em meio à efemeridade cotidiana.
Parece que o muito
deve ser resolvido no pouco.
De forma que talvez na humildade
exista uma possível chave.
Mas então: 
até onde ser humilde,
sem ser tolo, 
sem ser bobo dos outros?
Não basta uma solução solitária,
não parece ser suficiente meu mundo,
pois este é apenas minúscula parte do todo, 
mas quem sabe
não seja necessário ser pequeno,
para adquirir alguma grandeza.
E então: "meu mundo e além de mim".
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 19/06/2009
Reeditado em 03/08/2014
Código do texto: T1656618
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