Os Rejeitados Idealistas
 
Tivesse uma boca prostituta
que pronunciasse falsa doçura
e conveniência e seria bem aceito.
Tivesse um cérebro vazio que aceitasse
o que já está definido
e viveria em feliz mediocridade.
Curvasse-me a todas
as delícias do mundo
e fingisse ter virtudes que não tenho,
seria astuto, porém,
em sendo sincero seria tido por tolo.
Entretanto, teimo em dizer o que sinto,
teimo em pensar
e tenho aversão à sutil hipocrisia.
Assim, embora cordato e ordeiro,
acabo sendo um rebelde sem causa,
um ingênuo idealista.
De fato, parece que os ideais
não são para serem vividos,
mas adulados como belas fantasias.
São místicos sonhos românticos,
belos como as poesias,
mas de inutilidade para a prática.
Servem também para serem tomados
pelos astutos que ludibriam,
assim, os idealistas.
Infeliz parece ser
o destino dos inconformados.
São os condenados
ao ´título' de 'sujeitos bem intencionados'.
São precioso material na mão dos espertos
que, na sua covardia frente à virtude,
exploram com oportunismo a qualidade alheia.
Fazem-se proprietários indevidos
das grandes memórias,
usam-nas para os seus torpes interesses.
No passado seriam os que atiravam pedras.
No futuro erguem altares,
para assim usurpar o que não lhes pertence.
Afinal, os idealistas não foram feitos para viver,
tornam-se muito mais lucrativos após a sua morte,
e geralmente por mãos indevidas.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 17/06/2009
Reeditado em 17/06/2009
Código do texto: T1653637
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