estase sereno
Êxtase Sereno
Carne, minha vida perdida se achará
Noutra carne, e haja amor.
Não tenho palavras. Não quero tê-las. Estou mudo.
Para este céu, para a beleza de cada significado
Desvelar-se e encantar esta canção.
Silencio significativo onde habita ternura.
Como é raro
Deixar fluir através de si o universo.
Como é fácil:
No momento em que nos permitimos a revelação
Tudo é resplendor de clarins de aurora ou pétalas.
Quando no mais elevado eu me encontro
Tudo é possível, tudo é alcançável,
O mundo que inacessível se aparentara
Eis como agora é tangível pela mão
Consorciada aos assomos plenos do coração,
Como a tarde imensa naufraga em golfos de paz
E o desejável mundo no leve humor se apraz
Ai! Se uma força minha, universal e misteriosa
Ao parque dessa ventura de ser me atasse
Revelando nesse paraíso instantes sempre novos
Na transfiguração do êxtase sereno
Mas eis que, após o céu terreno desço
Ao banal mundo de minha luta humana
E tudo o que há pouco me era revelado
E tanto que em meu foco de luz vibrava:
O espírito em infinito, o sublime contentamento,
Eis que é fugaz – martírio do ideal!
Com esforço é mal conquistado
O que por século de agoras me fora dado.