Eu me perdoo
Eu me perdoo,
por ter sido oceano,
onde era só concreto raso.
Eu me perdoo,
por ter generosidade,
onde havia só narcisismo.
Eu me perdoo,
por ter sido melodia,
onde a surdez se estabeleceu.
Eu me perdoo,
por ter sido obra de arte,
onde a cegueira foi reinante.
Eu me perdoo,
por ter sido intensidade,
onde só recebi mesquinhez.
Eu me perdoo,
por ter sido fogo ardente,
onde só haviam geleiras polares.
Eu me perdoo,
por ter lançado boas sementes,
onde só havia solo infértil.
Eu me perdoo,
por ter quase afundado,
onde só havia uma âncora no meu pé,
Eu me perdoo,
por ter perdido tanto tempo,
onde não haviam relógios.
Eu me perdoo,
por ter sido sensibilidade,
onde só havia indiferença.
Eu me perdoo,
por ter sido amor,
onde só havia interesse egoísta,
eu me perdoo,
por ter sido flor,
onde só havia um imenso deserto.
*Não sou responsável pelas escolhas das outras pessoas, somente pelas minhas e hoje eu me escolho.