Terra Seca

A voz então calada, hoje ecoa

A crítica, ora velada, ora certeira, agora é nula

As palavras que traziam dor tem novos significados

O vocabulário, o dicionário de ofensas, se rasgou, ou fora rasgado

A fina voz ainda afina um peito em recuperação

Trêmulo é o som da verdade, da vaidade, da idade

O conhecimento obtido e auto adquirido é luz, estrela-guia

Este sábio mágico já não possui novos truques na manga

O afago que faço inconsciente ao meu eu passado

Nada mais é do que o amor, plantado e resgatado (ou seria regado?)

Outrora retirado de meu pequeno mundo, amor-próprio reparado

Já não sou o homem que ontem fui, que se exclui

Já não sou o menino que se retrai, que se dilui

Hoje sou rio, em cheia histórica, que evolui

Caudaloso, meio torto, corrente que aflui

Em direção ao mar, sigo meu instinto

E no encontro das águas, libero o choro

De resquícios, de alívio, do âmago em deságue

De valor irreparável, igual chuva em terra seca

A voz e as lágrimas unidas, pingando

Do martírio ao fim, da tristeza à libertação.

Flavio Marcondes
Enviado por Flavio Marcondes em 03/12/2023
Reeditado em 03/12/2023
Código do texto: T7946043
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