Terra Seca
A voz então calada, hoje ecoa
A crítica, ora velada, ora certeira, agora é nula
As palavras que traziam dor tem novos significados
O vocabulário, o dicionário de ofensas, se rasgou, ou fora rasgado
A fina voz ainda afina um peito em recuperação
Trêmulo é o som da verdade, da vaidade, da idade
O conhecimento obtido e auto adquirido é luz, estrela-guia
Este sábio mágico já não possui novos truques na manga
O afago que faço inconsciente ao meu eu passado
Nada mais é do que o amor, plantado e resgatado (ou seria regado?)
Outrora retirado de meu pequeno mundo, amor-próprio reparado
Já não sou o homem que ontem fui, que se exclui
Já não sou o menino que se retrai, que se dilui
Hoje sou rio, em cheia histórica, que evolui
Caudaloso, meio torto, corrente que aflui
Em direção ao mar, sigo meu instinto
E no encontro das águas, libero o choro
De resquícios, de alívio, do âmago em deságue
De valor irreparável, igual chuva em terra seca
A voz e as lágrimas unidas, pingando
Do martírio ao fim, da tristeza à libertação.