O OLHAR DE PRETINHA
Era um olhar diferente
tinha traços quentes, veio a vontade de conquistar.
Andava tão sozinho e de repente eu formava um par, ao encontro daquele olhar.
Levantei me sentindo Dom Juan, passei um óleo de peroba na cara de pau.
Fui te falar!
Esse olhar desviado para aquele lado, esse olhar é para mim?
Ela respondeu sem titubear, é sim.
Mostrando uma cadeira vazia ao seu lado logo me convidou pra sentar.
Se apresentou como pretinha, seu nome verdadeiro não quis me falar.
A conversa foi se tornando profunda então descobri que Raimunda era do Tocantins e estava em Goiânia para estudar.
Seus cabelos eram batidos era muito legal, me lembravam os cabelos de Bethânia e de Gal.
Ali já começamos a namorar.
Era um namoro gostoso, com pouca intimidade, mas o sábado demorava a chegar.
Pretinha era alegre e divertida, repartia comigo momentos de paz.
Meses se passaram e ela colada em mim.
De repente não sei porque fiz, a felicidade não tem mesmo raíz. Troquei o olhar de pretinha pelo olhar de uma falsa rainha, prefiro nem lembrar.
Mas hoje estou aqui,
depois de tanto tempo passar.
Perdoa Pretinha, não quis te magoar.
Tião Neiva
Obs. Tudo se passou em um bar chamado de Cactus, na praça do Avião em Goiânia (anos 80)