Cartografia afetiva
Deste lado do oceano nossas diferenças certamente ganham outra escala.
Os vazios de sentido são preenchidos pelas nossas expectativas
As memórias parciais vão ficando turvas com o tempo
E a maturidade assenta a bordoadas as pedras que nós carregamos.
As rugas que vão surgindo são sulcos pelos quais fluem o perdão
E meu corpo mais cansado escolhe não resistir desnecessariamente.
Meus passos mais lentos já suspeitam dos caminhos,
Mas nunca deixam de se surpreender com a caminhada.
Não quero mais te encontrar.
Não quero mais te tocar.
Quero que sejas feliz.
E que saibas que se um dia me encontrares,
Encontras um desconhecido, que te lembra, mas te desconhece também.
Que se perdoou, e te perdoou.
Que te amou, mas não mais.
E que te deixou ir, primeiro fora, depois dentro de si.
Primeiro há a terra
Depois o caminho
Depois o mapa
Depois o fogo
A água
A relva
O esquecimento
E a terra.