O PERDÃO DA BIGORNA SINGELA

De onde vens Bigorna singela?

E por quê assim tão calada?

Nada da vida revelas

onde fostes moldada.

Em fina fundição

de pura liga foi fundida

esta é a razão

por estar na tenda da vida.

Por quem foi comprada?

Oh! Bigorneiro assassino!..

expôs-me ao relento

e nele com calma enfrento

sol...

sereno...

chuva...

vento...

é assim o meu destino.

O Bigorneiro que a comprou

usou-a até ao abuso

de tanto malhar com o martelo

a porca no parafuso.

Com isto ele deseja

ver-me contaminada

depois corroída

pelo que tudo enseja

me considero abandonada

é o que me resta da vida.

É duro viver assim

como um balão sem vento

como rosa sem o jardim

como soluço sem alento.

Que culpa tenho eu

do seu modo de pensar

com egoísmo de Judeu

só deseja me usar.

Diz aos companheiros

que sou inutilizada

temendo pelos bigorneiros

seja eu observada.

O bigorneiro sentindo sua inabilidade

sem dar o braço a torcer

deprecia a qualidade

sem saber o que querer.

Perdoe-me!..

Perdoe-me!...

Cala-te!...

Estás perdoado.

ERNESTO COUTINHO JÚNIOR
Enviado por ERNESTO COUTINHO JÚNIOR em 02/08/2022
Código do texto: T7573470
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