perdões e algum perdão
mil perdões
perdões por amar-te incontinente
furando a ponta dos vossos dedos
com a mó salpicada de ternura
que lava e afaga a raiz desse teu cabelo
de leite de amêndoas e candura
mil perdões
perdões por gostar-te tanto
e prender-te em minha poesia acéfala de romaria
o rochedo conspurcado do desejo
que cintila no fundo dos meus sonhos
uma casa velha e dourada
um imenso jardim de damas da noite
a tarde sobre a ponte que passa pelo córrego dos cisnes negros
perdões
perdões por sentir saudade de ti
como mágico brilhante no vodu
que exaspera o que lhe fere
sobre o punhal da vossa lembrança
costurada num cetim luzente
perdões
mil e um perdões
por querer-te dentro de mim.
(Italo Samuel Wyatt)